Governador assina acordo com Enel para acabar com crise energética em Goiás

Após articulação e pressão do governador Ronaldo Caiado, que desde que assumiu a gestão do Estado luta por melhorias do setor energético em Goiás, a Enel apresentou um novo plano de investimento e assinou acordo com o governo estadual, nesta segunda-feira (26/08). A empresa assinalou que vai antecipar os investimentos e a previsão é de ampliar em 26% a capacidade da rede de distribuição nos próximos três anos. Além disso, a Enel se comprometeu a melhorar as perdas na distribuição da rede atual e também a aumentar o número de conexões rurais.

A assinatura do acordo foi acompanhada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; o vice-governador Lincoln Tejota; e de representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), secretários de Estado, do presidente da AGR, Eurípedes Barsanulfo da Fonseca, além de deputados estaduais e federais.

As medidas, até o início de fevereiro do ano que vem, representarão aumento em 486 megawatts (MVA) na capacidade de distribuição de energia. “Goiás agora tem a expectativa real de poder atender à demanda reprimida de energia elétrica e avançar”, disse o governador Ronaldo Caiado. “Estamos confiantes de que tudo que foi assinado será implantado dentro dos prazos e investimentos necessários. Para vocês terem uma ideia, este termo vai, de imediato, gerar uma demanda de aproximadamente 1,5 mil eletricistas. E só estou citando um dos elementos que serão necessários para ampliar a oferta de energia em nosso Estado”, frisou.

Na reunião, Caiado fez questão de mostrar a importância do termo de compromisso, uma vez que a falta de investimento no setor está impedindo o desenvolvimento do Estado. Ele ressaltou que algumas empresas, para se instalarem em Goiás, precisam investir também na compra de geradores, e citou que produtores de leite, principalmente os pequenos e médios, estão perdendo a produção porque não têm recurso para investir na comprar dos equipamentos para garantir a armazenagem correta em caso de interrupção da energia.

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia destacou que acompanhou a aflição de Caiado e que, inclusive, algumas empresas foram até ele colocar sua preocupação em relação ao abastecimento de energia em Goiás. “Parabenizo todos que lutaram para chegar neste dia. Goiás só vai prosperar se tiver energia, porque é um estado industrial e com um agronegócio importante. Fico feliz por esse acordo assinado. Goiás vai dar exemplo e ao final de quatro anos vamos gerar muitos empregos”, enfatizou.

Medidas
Uma das principais ações da Enel, de curto prazo, para possibilitar a liberação de carga de norte a sul do Estado, é a compensação de reativos na rede da distribuidora, o que possibilitará novas ligações de energia sem a troca de transformadores. Segundo a empresa, até 2022, serão acrescentados cerca de 1.500 MVA ao sistema elétrico, o suficiente, por exemplo, para abastecer as cidades de Goiânia, Anápolis, Rio Verde e todos os 28 municípios da Região Metropolitana.

O plano também prevê obras, dentre as elas a construção de 17 novas subestações, que vão atender 27 municípios, entre Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Mineiros, Rio Verde, Niquelândia, Luziânia, Senador Canedo e Iporá. Cerca de 835 mil clientes dessas regiões serão beneficiados com a maior confiabilidade do serviço de distribuição. Também está prevista a ampliação e reforma de outras 130 subestações.

Também está prevista a aceleração das conexões dos clientes rurais. Para os próximos anos, a empresa prevê um aumento expressivo. Atualmente, são 21.300 conexões pendentes, valor que deve ser reduzido para 15.600 em 2020 e para 6 mil em 2021. “Vamos avançar nas regiões mais carentes, atendendo assentamentos e produtores de pequena renda, e com isso levar aquilo que é fundamental em um processo de desenvolvimento, que é a energia elétrica”, comentou.

O governador também ressaltou que outro procedimento que será adotado no Estado, a exemplo do que está ocorrendo no Mato Grosso do Sul: um trabalho conjunto entre o Ministério de Minas e Energia, Secretaria do Meio Ambiente e o Governo de Goiás que vai simplificar a liberação de licenças ambientais para o funcionamento de PCH’s, que são as Pequenas Usinas Hidrelétricas.

O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, afirmou que a antiga Celg D viveu por anos com um subinvestimento que deixou a empresa sucateada. Ele ressalta que é interesse da corporação solucionar em curto prazo parte dos problemas e que, para isso, a Enel vai investir em equipamentos, novas modernidades e subestações para o fornecimento de energia para novos clientes, comércios e indústrias. “A gente acredita no futuro de Goiás. Assumimos uma distribuidora em uma situação técnica e financeira, que implicava um plano de recuperação desafiador”.

O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ressaltou a integração entre todos os setores para lutar por mais investimentos da Enel na distribuição de energia no Estado e explicou que foram necessários alguns meses de reuniões para fechar o acordo. “Os senhores e senhoras foram responsáveis para que a gente concretizasse esse evento. Essa parceria existiu com todos os envolvidos. Isso tudo mostra a forma como estamos trabalhando”, ressaltou. “Goiás é um ator que será impulsionador da retomada do desenvolvimento e do crescimento do nosso País”, completou o ministro.

A luta do governador em conjunto com os parlamentares e a sociedade também foi citada pelo presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone, como um grande exemplo de envolvimento social. “As coisas estão acontecendo, dando certo, em função desse espírito de equipe, desse trabalho conjunto e dessa sinergia”, frisou. “Foi um engajamento em prol de um bem comum, que é a qualidade do serviço de energia. E cabe à Enel, que é a concessionária local, prestar o serviço com qualidade e de acordo com as regras que estão estabelecidas no contrato”, afirmou Pepitone.

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Adriano da Rocha Lima, assegurou que esse plano irá dar uma virada de página no que aconteceu nos últimos meses. “Considero que as discussões foram difíceis, mas felizmente a Enel entendeu que precisava mudar a forma de relacionamento, passando para uma ação mais colaborativa, e antenada com aquilo que são as prioridades do Estado de Goiás”, comentou. O secretário ainda lembrou que é preciso utilizar melhor o potencial do Estado na área solar, com a utilização de energia fotovoltaica. “Goiás e Tocantins são os estados com a melhor irradiação dentro do Brasil. Temos área e logística disponível”, pontuou.

A articulação do governador Ronaldo Caiado também foi ressaltada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira. “Estamos atravessando problemas graves. A Enel estava e ainda está travando o desenvolvimento do Estado de Goiás. E nada mais correto e justo que a luta do governador Ronaldo Caiado em buscar o entendimento de trazer novos investimentos, de fazer com que a Enel possa prestar um serviço à altura do nosso Estado de Goiás, da nossa população, e à altura dos empresários que aqui trabalham, que produzem, que geram emprego e renda”, salientou.

Histórico
Desde que assumiu o governo, Caiado tem buscado solução para o impasse envolvendo a Enel Distribuição, que arrematou a Celg D num leilão de privatização realizado em 2016. As falhas no fornecimento de energia elétrica, tem gerado queixa generalizada entre empresários, pequenos produtores, comerciantes e do cidadão em geral”. Desde 2012, a Celg D/Enel é considerada uma das piores distribuidoras do País, na maioria das vezes ocupando a última colocação no ranking da Aneel.

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